ABUSOS SEXUAIS NO EMPREGO DOMÉSTICO NO RIO DE JANEIRO: A IMBRICAÇÃO DAS RELAÇÕES DE CLASSE, GÊNERO E “RAÇA”

Autores

  • Valeria Ribeiro Corossacz Università degli Studi di Modena e Reggio Emilia- Itália

DOI:

https://doi.org/10.22422/2238-1856.2014v14n28p299-324

Resumo

Dans cette article je vais aborder le thème des harcèlements sexuels contre les travailleuses domestiques en utilisant les matériaux tirés de deux recherches conduites à Rio de Janeiro. Dans la première recherche, conduite entre 2009 et 2012, j’ai interviewé 21 hommes de Rio de Janeiro, âgés de 43 à 60 ans, qui s’autodéfinissaient blancs et de classe moyenne supérieure. Dans ces interviews j’ai abordé différents thèmes portant sur les expériences biographiques relatives à la blanchité et à la masculinité (RIBEIRO COROSSACZ, 2010; 2012; 2014; 2015). L’un des aspects les plus saillants qui émerge de ces interviews, sont les récits sur l’accès sexuel au corps de l’empregada doméstica par le jeune homme blanc et de classe moyenne supérieure.

 

Neste artigo, abordo a temática dos assédios sexuais contra as trabalhadoras domésticas, utilizando os dados de duas pesquisas conduzidas no Rio de Janeiro. Na primeira, realizada entre 2009 e 2012, entrevistei 21 homens da cidade do Rio de Janeiro, com idade entre 43 e 60 anos, os quais se autodefinem brancos e de classe média alta. Nessas entrevistas, enfrentei diferentes aspectos das experiências biográficas relativas à branquitude e à masculinidade (RIBEIRO COROSSACZ, 2010, 2014a, 2014b, 2015). Um dos aspectos mais salientes diz respeito aos relatos sobre o acesso sexual ao corpo da trabalhadora doméstica pelo jovem homem branco de classe média alta. Trata-se, portanto, de histórias que remontam à adolescência dos homens entrevistados.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Valeria Ribeiro Corossacz, Università degli Studi di Modena e Reggio Emilia- Itália

Professara de antropologia do Dipartimento di Studi Linguistici e culturaliUniversità degli Studi di Modena e Reggio Emilia- Itália

Referências

Acker, J. Revisiting Class: Thinking from Gender, Race, and Organizations. Social Politics, vol. 7, n. 2, p. 192-214, 2000.

ÁVILA, M. B. Algumas questões teóricas e políticas sobre emprego doméstico. In: ÁVILA, M. B., PRADO, M., SOUZA, T., SOARES, V., FERREIRA, V. (orgs.). Reflexões feministas sobre informalidade e trabalho doméstico. Recife: SOS CORPO, 2008. p. 65-72.

ÁVILA, M. B. Divisão sexual do trabalho e emprego doméstico no Brasil. In: COSTA, A., et al. (orgs.). Divisão sexual do trabalho, estado e crise do capitalismo. Recife: SOS Corpo, 2010. p. 115-144.

BERNADINO-COSTA, J., FIGUEIREDO, Â., CRUZ, T. (Orgs.). A realidade do trabalho doméstico na atualidade. Brasília: Centro Feminista de Estudos e Assessoria, 2011.

BRITES, J. Afeto e desigualdade: gênero, geração e classe entre empregadas domésticas e seus empregadores. Cadernos Pagu, n. 29, p. 91-109, 2007.

CRENSHAW, K. Demarginalizing the Intersection of Race and Sex: A Black Feminist Critique of Antidiscrimination Doctrine, Feminist Theory and Antiracist Politics. University of Chicago Legal Forum, n. 139, p. 139-67, 1989.

_____. Mapping the Margins: Intersectionality, Identity Politics & Violence Against Women of Color. Stanford Law Review, n. 43, p. 1241-99, 1991.

FIGUEIREDO, A. Novas elites de cor. Estudo sobre os profissionais negros de Salvador. São Paulo: AnnaBlume, 2002.

GOLDESTEIN, D. Laughter out of Place. Race, Class, Violence, and Sexuality in a Rio Shantytown. Berkeley e Los Angeles: University of California Press, 2003.

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Situação atual das trabalhadoras domésticas no país. Comunicados do Ipea, no. 90, Rio de Janeiro: IPEA, 2011.

KERGOAT, D. Dynamique et consubstancialité des rapports sociaux. In: DORLIN, E. (Org.). Sexe, Race, Classe, pour une épistémologie de la domination, Actuel Marx Confrontation. Paris: PUF, 2009. p. 111-126.

KOFES, M. S. Entre nós mulheres, elas as patros, elas as empregadas. In: ARANTES, A., et al. (orgs). Colcha de retalhos. Estudos sobre a família no Brasil. Campinas: Editora Unicamp, 1993. p. 185-194 .

KOFES, M. S. Mulher, Mulheres – Identidade, diferença e desigualdade na relação patroas empregadas. Campinas: Editora Unicamp, 2001.

MATA, Da, Azeredo, S. M. Relações entre empregadas e patroas: reflexes sobre o feminismo em países multiraciais. In: COSTA, A., BRUSCHINI, C. (orgs.). Rebeldia e submissão. Estudos sobre a condição feminina. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1989. p. 195-220.

MATHIEU, N.-C. Quand céder n’est consentir. In: L’anatomie politique. Paris: Côté-femmes, 1991. p. 131- 225.

MELO, H. PEREIRA de. Feminists and Domestic Workers in Rio de Janeiro. In: CHANEY, E., CASTRO GARCIA, M., (orgs.). Muchachas no More. Household Workers in Latin America and the Carebbean. Philadelphia: Temple University Press, p. 245-267. 1989.

MELO, H. PEREIRA de. Serviço doméstico remunerado no Brasil: de criadas a trabahadoras. Texto para discussão n. 565. Rio de Janeiro: IPEA, 1998.

McCALLUM, C. Racialized Bodies, Naturalized Classes: Moving through the City of Salvador da Bahia. American Ethnologist, v. 32, n. 1, p. 100-117, 2005.

OLIVEIRA, A. M. de, CONCEIÇÃO, O., M., da. Domestic Workers in Rio de Janeiro: Their Struggle to Organize. In: CHANEY, E., CASTRO GARCIA, M., (orgs.). Muchachas no More. Household Workers in Latin America and the Carebbean. Philadelphia: Temple University Press, p. 363-372. 1989.

OLIVEIRA, C. M. A organização política das trabalhadoras domésticas no Brasil. In: ÁVILA, M. B., PRADO, M., SOUZA, T., SOARES, V., FERREIRA, V. (orgs.). Reflexões feministas sobre informalidade e trabalho doméstico. Recife: SOS CORPO, 2008. p. 109-116.

OWENSBY, Brian P. Intimate Ironies: Modernity and the Making of Middle Class Lives in Brazil. Standford: Standford University Press, 1999.

PINHO, P., de Santana, SILVA, E. B. Domestic Relations in Brazil. Legacies and Horizons. Latin American Research Review, v. 45, n. 2, p. 90-113, 2010.

RIBEIRO COROSSACZ, V. L’apprendimento della mascolinità tra uomini bianchi di classe medio-alta a Rio de Janeiro. In: RIBEIRO COROSSACZ, V.; GRIBALDO A. (orgs.). La produzione del genere. Ricerche etnografiche sul femminile e sul maschile. Verona: Ombrecorte, 2010. p. 113-133.

_____. What makes a white man white? Definitions teetering between color and class among white men in Rio de Janeiro. Graduate Journal of Social Science, v. 9, n. 1, p. 22-45, 2012.

_____. Cor, classe, gênero: aprendizado sexual e relações de domínio. Revista Estudos Feministas. no prelo, n.2, 2014.

_____. Whiteness, Maleness and Power: a study in Rio de Janeiro. Latin American & Caribbean Ethnic Studies. no prelo, v.10, 2015.

SANTOS, R. de J., dos. Corpos domesticados: a violência de gênero no cotidiano das domésticas em Montes Claros – 1959 a 1983. Dissertação (Mestrado em História Social) - Programa de Pós-Graduação em História Social. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2009.

SANTOS-STUBBE, C. dos. Cor, cultura e sociedade: a questão da etnicidade entre as empregadas domésticas. Estudos afro-asiáticos, n. 33, 51-69, 1998.

SILVA, E. Maids, Machines and Morality in Brazilian homes. Feminist Review. v. 94, n.1, p. 20-37, 2010.

SILVA, G., MORAES DIAS e Reis, E. Perceptions of Racial Discrimination among Black Professionals in Rio de Janeiro. Latin American Research Review. v. 46, n, 2, p. 55-78, 2011.

WADE, P. Articulation of erotization and race: Domestic Service in Latin America. Feminist Theory, v.14, n. 2, p. 187- 202, 2013.

Downloads

Publicado

30-11-2014

Como Citar

Corossacz, V. R. (2014). ABUSOS SEXUAIS NO EMPREGO DOMÉSTICO NO RIO DE JANEIRO: A IMBRICAÇÃO DAS RELAÇÕES DE CLASSE, GÊNERO E “RAÇA”. Temporalis, 14(28), 299–324. https://doi.org/10.22422/2238-1856.2014v14n28p299-324