A enciclopédia branca de Wlademir Dias-Pino
Resumo
O poeta Wlademir Dias-Pino dedica-se hoje ao seu mais ambicioso projeto que envolve a organização de uma Enciclopédia Visual com 1001 volumes. Em sua casa, antigo sobrado de vila no bairro do Catete no Rio de Janeiro, reservou um quarto para armazenar o material que servirá a execução do projeto: recortes de inúmeras imagens em traço (p&b), criteriosamente catalogadas e inseridas em 1001 caixas brancas. As paredes do quarto foram totalmente ocupadas por prateleiras que circundam e dominam o quarto em movimento linear. Nelas, as caixas estão regularmente alinhadas, sem variáveis de cor ou tamanho, e organizadas seqüencialmente do número 1 ao 1001. Não há nada além disso no quarto, nem móveis, nem qualquer tipo de elemento avulso, somente a estante com as mil e uma caixas. Para distribuir e agrupar as imagens Dias-Pino afirma ter cria- do um sistema próprio de classificação que o torna capaz de acessar e acolher qualquer imagem. Em típica operação classificatória, ele procurou idealizar um sistema que tornasse possível abarcar todas as imagens existentes e, em perspectiva, todas as que virão existir. Aparentemente, no entanto, sua biblioteca não apresenta outro sinal de orientação além da seqüência fria dos números grafados a mão com caneta hidrocor azul. Não há nem mesmo, a título de auxílio para identificação dos conteúdos, imagens pregadas no exterior dos volumes que tipifiquem as outras que se encontram imobilizadas pela clausura. Tudo parece reduzir-se à ordenação numérica, não é possível detectar um princípio claro de classificação, algo que indique uma organização por classes, hierarquizações, subordinações, etc. Questões: Que imagens a caixa de número 657 contém? Por quê estariam inseridas especificamente nessa caixa e com este número? [...]