AUTONOMIA NO TRABALHO DOS DOCENTES NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

Autores

  • Ailson Pinhão de Oliveira UNEB-VALENÇA-BAHIA

DOI:

https://doi.org/10.22535/cpe.v22i45.19142

Resumo

O estatuto profissional da docência ainda não foi resolvido e talvez por isso, o docente confunda sua atividade de trabalho (trabalho real) com o trabalho prescrito. Esta representação de docência pode ter relação com o pretenso controle sobre o ensino que o docente está submetido por meio do Projeto Político Pedagógico, construído, muitas vezes, por especialistas e comissões indicadas nas instituições formadoras de futuros professores. No entanto, as prescrições são frágeis diante de situações reais imprevisíveis que ocorrem na sala de aula, e dessa forma, surge uma lacuna a ser gerida pelo docente entre o trabalho prescrito e o trabalho real. Neste contexto, este artigo foi produzido como o objetivo de evidenciar formas como o docente enquanto trabalhador da educação que participa do processo produtivo pode exercer sua autonomia diante do controle sobre o ensino. Apoiemo-nos nas reflexões de Contreras (2012); Campos (2008); Triquet (2010); Bellochio; Terrazan e Tomazetti (2004), entre outros, que discutem a profissão docente. Defendemos que os docentes como sujeitos ativos no processo de trabalho na formação inicial de professores exercem, por um lado, uma autonomia individual ao tomar decisão para gerir a distância entre o trabalho prescrito e o trabalho realizado; e por outro, uma autonomia coletiva na participação efetiva com seus colegas de docência e gestores no processo de organização do ensino e a aprendizagem, como forma de diminuir o controle institucional sobre a docência; e, ao considerar, na gestão de sua disciplina, as demandas concretas dos discentes, como forma de evitar o individualismo na autonomia docente.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARANHA, Antônia Vitória Soares. O conhecimento tácito e a qualificação do trabalhador. Revista Trabalho e Educação, Belo Horizonte, n. 2, ago. l dez. 1997.

BASSO, Itacy. Significado e sentido do trabalho docente. Cad. CEDES v.19 n.44 Campinas Abr. 1998.

BELLOCHIO, Cláudia Ribeiro; TERRAZAN, Eduardo; TOMAZETTI, Elisete. Profissão docente: algumas dimensões e tendências. Revista do Centro de Educação. Vol. 29 - N° 02, 2004.

CAMPOS, Casemiro de Medeiros. Saberes docentes e autonomia dos professores. 3. ed. São Paulo: Vozes, 2011.

CAMPOS, Márcia Zendron. A profissionalização do professor: formadores e formandos no ensino superior. In: CARLINI, Alda Luiza; SCARPATO, Marta. (Orgs.). Ensino superior: questões sobre a formação do professor. São Paulo: Avercamp, 2008. p. 64-81.

CONTRERAS, J. A autonomia de professores. Tradução Sandra Trabucco Valenzuela. Revisão técnica, apresentação e notas à edição brasileira Selma Garrido Pimenta. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2012.

DEJOURS, Christophe. Subjetividade, trabalho e ação, Revista Produção, v. 14, n. 3, p. 27-34, Set./Dez. 2004.

ENGUITA, Mariano F. O setor do ensino no marco da lógica econômica do capital. In: ENGUITA, Mariano F. Trabalho, escola e ideologia. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

GENTIL, Heloisa Salles; SROCZYNSKI, Claudete Inês. Currículo prescrito e currículo modelado: uma discussão sobre teoria e prática? Revista Educação em Questão, Natal, v. 49 n. 35, p. 49-74, maio/ago. 2014.

MASETTO, Marcos Tarciso. Competência pedagógica do professor universitário. 2. ed. São Paulo: Sammus, 2012.

NÓVOA, Antônio. (Org.). Formação de professores e profissão docente. In: NÓVOA, Antônio (Coord.). Os professores e sua formação. Tradução de Graça Cunha [et al.].3. ed. Lisboa, Portugal: Dom Quixote, 1997.

OLIVEIRA, Dalila Andrade; DUARTE, Adriana Cancella; VIEIRA,Lívia Fraga. (Orgs.). Dicionário: trabalho, profissão e condição docente, Belo Horizonte, MG: UFMG, Faculdade de Educação, 2010.

PEREZ, Martínez; FABIO, Leonardo. Questões sóciocientíficas na prática docente: ideologia, autonomia e formação de professores. São Paulo: UNESP, 2012.

PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos. Docência no ensino superior. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2010.

ROMANOWSKI, Joana Paulin. Formação e profissionalização docente. Curitiba, PR: Intersaberes, 2012.

SANTOS, Oder J. dos. Organização do processo de trabalho docente: uma análise crítica. Educação em Revista, Belo Horizonte, n. 10, p. 26-30, 1989.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 12. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

TRIQUET, Pierre. Trabalho e educação: o método ergológico. Revista Histedbr On-line, Campinas, número especial, p. 93-113, ago.2010.

Downloads

Publicado

31-12-2017